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quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Eu faço Arte, e você?




Falar sobre arte implica às vezes esbarrar em diversos aspectos de um falso senso-comum — quer dizer, as pessoas tem ideias diferentes mas costumam achar que todos pensam (ou deveriam pensar) como elas. Muitas vezes, percebo por aí (seja na Internet, em salas de aula ou onde for) que um comentário com as melhores palavras possíveis gera uma discussão super complexa justamente por isso, por cada um ter uma noção e achar que todos compartilham da mesma.


Por isso, ao invés de te perguntar “O que é arte?”, prefiro te perguntar: “O que é arte para você?”.


Antes que sua mente dê um nó (a minha costuma dar quando me perguntam essas coisas), eu separei algumas ideias bem diversas pra te ajudar a responder — não que você precise me contar o que você acha (embora confesse que adoraria saber!), mas porque faz bem que todo mundo envolvido com arte, profissionalmente, por hobby ou como espectador, tenha isso claro pra si mesmo.

Primeiro, deixa eu te contar uma coisa: Arte significou, por mais de mil anos, técnica. Ou seja, desde a Grécia Antiga até lá pelos séculos 18 ou 19, o artista era alguém com o conhecimento e as habilidades para produzir. Foi o Romantismo que começou a explorar mais o subjetivismo da pessoa que criava e, daí, criou-se a noção de arte como a expressão de sentimentos e/ou pensamentos de alguém. Tem noção do tamanho do impacto que isso teve na época? Não foi muito antes desse período que cunhou-se o termo “estética” para explicar a busca pela beleza através de um estilo, o que ajudou o pensamento romântico a chegar a essas conclusões, embora a tentativa de criar algo interessante através da reprodução de algo que se vê seja natural da Arte desde sempre (eles apenas entenderam melhor isso nessa época e deram um nome pro fenômeno).

Quando a gente pensa nisso, fica difícil confinar o sentido da arte a uma pessoa só, já que cada povo e período compartilham as mesmas características estéticas, porque produzem dentro de um mesmo pensamento, o que faz com que muitos queiram fazer obras que vão romper com o padrão e causar a reflexão sobre um tema. Com o advento da psicologia na virada do século 19 pro 20, as expressões artísticas serviram também não só para mostrar o mundo visto pelos olhos, mas para reproduzir aspectos de lados menos objetivos da mente, como os Surrealistas que faziam obras que imitavam os sonhos, por exemplo. Mas isso de concretizar o que não pode ser visto vem de muito antes, como na Idade Média quando a produção artística servia para revelar o Deus que os olhos não veem. Ao pensar nesse período, a gente lembra também da função de educar e comunicar facilmente que tanta gente aproveita das artes.

Em todos esses conceitos, existe algo nas entrelinhas que foi muito debatido no início do século 20: A intenção em produzir. Isso quer dizer que a arte nunca é acidental, mas fruto do pensamento de uma ou mais pessoas. Esses dias, ouvi sobre pessoas que fotografam no modo automático “para a câmera dar o seu melhor”. A primeira coisa que me veio à mente foi que quem diz isso não entende que quem fotografa é a pessoa e não o equipamento. É tipo aquele casal que colocou uma câmera na coleira do seu gato de estimação e as pessoas comentavam “olha, um gato fotógrafo!”. Se o gato não tem noção de que está fotografando (e, logo, não tem intenção de fazer isso), ele não está fazendo arte. Já seus donos, sim.

Pra finalizar, outra coisa importante pra gente lembrar é que nenhum desses aspectos anula o outro. Talvez você produza para buscar a beleza através da técnica, para comunicar ou para se expressar, mas não quer dizer que essas definições não façam parte de um aspecto ou outro do seu trabalho. Quanto maior a compreensão que a gente tem de todas essas possibilidades, mais fácil a gente vai identificar em qual delas a gente deve buscar maior aprimoramento para que nossa produção seja cada vez mais completa.

Agora, se pra você “fazer arte” tem aquele significado que a gente ouvia na infância de aprontar alguma coisa que pode te deixar de castigo, fique tranquilo, porque você não está sozinho nessa. Prova disso são as fotos desses arteiros mais que consagrados que ilustram o texto. E esse post foi só uma pincelada pra você refletir mais sobre o assunto, usando vários conceitos que já tratamos com maior cuidado alguma vez aqui na Em Quadros. Pense aí e responda:

O que é arte para você?

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