A fotografia retratada neste artigo foi tirada em 1993 pelo fotógrafo sul-africano Kevin Carter, no Sudão/áfrica.
Naquele momento, o país passava uma intensa guerra civil gerada por fadicais islâmicos que privavam sua população de gêneros básicos para a sua sobevivência, como comida e água. A assustadora imagem de um menino desnutrido, quase sem forças, à espera da morte, enquanto um abutre ao fundo aguardava pacientemente por seu banquete, deu a v olta ao mundo chocando a sociedade e principalmente a opinião pública.
A fotografia publicada pelo jornal The New York Times valeu a Carter o prêmio Pulitzer daquele ano, mas pode-se dizer também que valeu a sua vida. Da mesma maneira que foi elogiado por sua incrível imagem, o fotógrafo foi comparado ao faminto e voraz abutre. Como poderia uma pessoa se aproximar tanto a uma cena como essa, fotografá-la e desaparecer do local, sem fazer nada?
Na busca pela verdade dessa história, nos deparamos com duas versões factíveis e com um mesmo final. A primeira, que Carter retratou a horripilante cena que aconteceu perto de um acompamento de ajuda humanitária da ONU e esperou chorando no local por 20 minutos, para que o animal voasse dali, fato que só aconteceu após ele mesmo espantar o abutre para longe da criança e abandonar o local posteriormente.
Durante o ano seguinte, Carter foi acusado pela imprensa e sociedade de “predador” e equiparado ao vil abutre. O próprio tabloide americano colocou na noite de sua publicação um call center para atender a todos os telefonemas de leitores indignados pela fotografia e uma nota no dia seguinte que dizia que a criança tinha força suficiente para fugir do abutre e que seu destino final era desconhecido.
A outra versão encontrada foi que Carter aproximou-se da menina que estava defecando em uma área destinada a isso, ao lado do acompamento. Em sua fotografia, recortou apenas o que lhe interessava mostrar, a menina e o abutre, que era mais um dentre os muitos animais que ali estavam pra se alimentar das fezes humanas. O fotógrafo mostrou ao mundo o que estava acontecendo naquele país, porém, vale lembrar que quem ao final acabou colocando significado àquela imagem foram os espectadores ocidentais de onde a foto foi publicada, e não ele.
O final da história desse triste retrato é o ponto de coincidência das duas versões. Aos 33 anos, depois de ter sido atormentado pela sociedade por sua fotografia, que mostrava ao mundo a realidade de um local perdido e desamparadeo na África; por não poder superar a morte de seu grande amigo fotógrafo Ken Oosterbroek, em uma explosão de granada em seu país no mesmo ano, e pelo alto consumo de drogas pesadas, Kevin Carter conectou uma mangueira ao escapamento de seu carro e morreu asfixiado pelo monózido de carbono.
A nota deixada no banco do passgeiro pelo fotógrafo dizia: “Cheguei em um ponto da vida em que a tristeza supera a alegria... Sou perseguido pelas lembranças de cadáveres, assassinatos, raiva e dor...
Pelas crianças feridas ou famintas... pelos homens loucos com o dedo no gatilho, muitas vezez policiais carrascos... Se eu tiver sorte, vou me juntar a meu amigo Ken”.
De qualquer forma, as crianças famintas permanecem até hoje jogadas à própria sorte nos países subdesenvolvidos, e os abutres também. Apenas Kevin Carter não estará ali para fotografá-los.
Aírton Porto: Texto e foto retirados da revista Fotomania, Case Editoral.